Os níveis decrescentes de participação política dos jovens representam um desafio para muitas democracias. Jovens parecem ter níveis mais baixos de engajamento político quando se trata de participar de atividades políticas tradicionais, como votar e ingressar em partidos políticos. Então, como você pode fazer com que jovens participem de projetos de engajamento em suas comunidades?

O CitizenLab promoveu um webinário (gravação abaixo) sobre Engajamento de jovens no processo de construção de políticas. O encontro contou com a presença de Jez Hall, Diretor Fundador Shared Future CIC, e Donna Anderson, Gerente de Participação Juvenil e Democracia do North Ayrshire Council na Escócia.

Apesar de o vídeo estar em inglês (é possível configurar a tradução automática ao português) destacamos abaixo, em português, os principais resultados do nosso bate papo, organizados em 5 aprendizados sobre engajamento de jovens.

1. Chegue onde ela/es estão

Para envolver os jovens, explica Donna Anderson, é preciso alcançá-los onde eles estão. Muitos jovens não se conectam por meio de estruturas políticas clássicas ou rotas democráticas. Portanto, o Conselho de North Ayrshire criou contas no Youtube, Instagram, Twitter, Facebook, Snapchat e Tik Tok para atingir o máximo de jovens. Embora manter essas contas atualizadas e relevantes envolva uma boa quantidade de trabalho, sua presença nas redes sociais é necessária para incluí-los nas discussões da comunidade. Estar nessas plataformas, ela alerta, não é suficiente por si só; você também precisa criar conteúdo novo em um idioma e formato que eles entendam e que os faça querer se engajar.

2. Adapte o formato

Os jovens estão acostumados a fazer as coisas com rapidez e receber feedback imediato. A mídia social e as novas tecnologias aceleraram o nível em que o conteúdo é compartilhado e as informações são consumidas. O longo processo de formulação de políticas pode desencorajar jovens a se envolver, pois eles não conseguem ver o impacto de suas ações. É necessário, então, envolvê-los o mais cedo possível no processo, de preferência fazendo com que eles co-criem o programa. Além disso, é essencial ser transparente sobre o cronograma do programa e atualizá-los sobre a evolução do projeto e seu impacto.

Como sugere Jez Hall, certas iniciativas podem receber mais atenção do que outras. O orçamento participativo tem um incentivo por ser monetário e por ter um resultado tangível, o que explica sua popularidade entre os jovens. Eles podem compreender mais facilmente esse tipo de projeto, pois ele se concentra em gastar um recurso real. Jez também destaca que não existe uma receita única para o sucesso quando se trata de envolver os jovens. As comunidades devem empregar uma variedade de abordagens para responder às diferenças de personalidades e perfis de juventudes.

3. Combine Métodos Online e Offline (presencial)

Embora a pandemia tenha levado os atuais projetos de engajamento cívico a mudar para meios online, tanto Jez Hall quanto Donna Anderson concordaram sobre a necessidade de combinar métodos de engajamento online e offline. A oportunidade de se envolver online parece especialmente importante para jovens que são tímidos, vivem em áreas remotas ou têm menos tempo para participar. Por outro lado, as abordagens off-line são particularmente eficazes na criação de um senso de comunidade entre os jovens. Donna Andersen destaca os cafés de conversas em North Ayrshire, onde os jovens geralmente decidem sobre um tema e discutem com membros do gabinete. Eles também podem fazer perguntas diretas. O fato de os membros do Gabinete dedicarem tempo para ouvir o que os jovens têm a dizer e responder às suas perguntas é muito poderoso e ajuda a criar um relacionamento de confiança entre as autoridades eleitas e os jovens.

No Brasil, podemos fazer paralelos pensando nestes espaços de participação, tais como, Conselhos Escolares, Grêmios Estudantis, Centros Culturais, Bibliotecas, Centros Poliesportivos, Céus (em São Paulo) e outros espaços adequados de seu município que já promovam ambientes às juventudes em torno de atividades de lazer e sociabilidade. Transformar estes espaços em locais de conversas e trocas, a fim de criar uma conexão entre a administração pública local e as agendas das juventudes, mesmo que para desenvolver projetos pontuais ou de curta duração, podem fomentar um potente elo e interesse dessas juventudes por cidadania e relação de pertencimento às questões da sua cidade.

Jez Hall também destaca que mesmo quando os jovens residentes não querem ser envolvidos, eles devem pelo menos saber que existem plataformas para fazer suas vozes serem ouvidas. Fornecer essas informações pode ajudar os jovens a se envolverem em um estágio posterior.

4. Garanta que sua amostra é representativa

Assim como um adulto não pode falar em nome de todos os adultos, um jovem não pode representar toda a sua geração. Você deve garantir que os indivíduos envolvidos nas discussões da comunidade sejam representativos da juventude em geral. Como um participante do webinar mencionou, juventude é um conceito vago. Quem se qualifica como jovem? Em alguns casos, os jovens têm entre 18 e 29 anos, em outros menos de 40. Independentemente de como se define juventude, a diversidade de idade entre os jovens representados é essencial, já que um jovem de 18 e 29 anos pode não ter as mesmas preocupações ou interesses. Além disso, há tanta diversidade entre os jovens quanto entre os mais velhos. É essencial ter uma amostra representativa de jovens que respondam por diferenças geográficas, sociais, culturais, étnicas, raciais ou econômicas.

Como Donna Anderson destacou, incentivar os jovens a ingressar nos conselhos municipais pode ter impactos extremamente positivos no envolvimento dos jovens na cidade. Ela mencionou que o recrutamento de uma jovem de 24 anos que havia acabado de concluir seu bacharelado contribuiu para redefinir sua abordagem para envolver os jovens em projetos comunitários.

5. Jogue a longo prazo

Quanto mais jovens se envolvem em sua comunidade, é mais provável que mantenham esse envolvimento por toda a vida. Portanto, é essencial envolvê-los desde o início. O Scottish Elections Act recentemente reduziu a idade de voto para 16 para as eleições parlamentares da Escócia, eleições do governo local e qualquer outra pesquisa do governo local. Tanto Jez Hall, quanto Donna Anderson, concordam que esta lei terá resultados muito positivos para o engajamento cívico entre os jovens escoceses.

No entanto, reduzir a idade para votar não é a única forma de criar um hábito de participação cívica entre os jovens residentes. De acordo com Jez Hall, um grande exemplo é o programa de orçamento participativo para escolas de segundo grau em todo o distrito, implementado em Phoenix, Arizona. O projeto, projetado para ser dirigido aos aluna/os, permitiu que aluna/os do ensino médio fizessem um brainstorm, desenvolvessem e votassem em projetos de melhoria escolar. A iniciativa também apresentou às crianças tecnologias cívicas. Algumas escolas permitiram que as crianças apresentassem projetos por meio de plataformas online, e a/os aluna/os tiveram a oportunidade de usar urnas de votação reais fornecidas pela comissão eleitoral local. No ano passado, o programa atingiu 30.000 alunos, em todo o Arizona, com 84% de aluna/os comparecendo para votar nas propostas (5 pontos a mais do que o comparecimento às eleições de 2020). A ideia é que, se a/os aluna/os compreenderem o impacto que podem ter ao assumir um papel ativo nas decisões da comunidade, ela/es manterão esse envolvimento por toda a vida.

Para saber mais sobre o envolvimento dos jovens, navegue em nossa página de recursos ou em nossos estudos de caso. A maioria dos materiais ainda não está em português, mas temos nos esforçado para mudar isso.

Se você está procurando implementar um projeto de engajamento juvenil, não hesite em entrar em contato conosco!

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