No CitizenLab, acreditamos que uma combinação de oportunidades de participação síncrona e assíncrona resulta em processos mais qualitativos. Antes da Covid sacudir o mundo, essas oportunidades sincronizadas estavam acontecendo principalmente offline.

Audiências públicas, Conselhos participativos, encontros e reuniões entre setores da sociedade e gestão pública foram quase inteiramente organizados como eventos presenciais. No entanto, o ano passado mostrou que podemos – e devemos – reconsiderar esses formatos.

Como o distanciamento impacta as políticas públicas

A revisão do Plano diretor de São Paulo está na lei. As audiências públicas, por exemplo, são atualmente presenciais e garantem o direito da população de discutir e participar sobre os destinos das cidades. Mas as audiências públicas desta semana foram adiadas pelo Ministério Público por conta da pandemia. Por não haverem estratégias de reuniões não presenciais tais agendas ficam paralisadas. Há, portanto, uma necessidade de haverem outros mecanismos regulamentados para encontros não presenciais, reuniões e workshops online, para continuidade de agendas governamentais.

Como a tecnologia aprimorou os workshops

Em resposta às primeiras medidas de bloqueio e distanciamento social da pandemia, desenvolvemos no CitizenLab nosso método de workshop on-line: uma ferramenta para realizar discussões profundas e ao vivo online. Serve para aumentar o envolvimento da comunidade partindo de simples pesquisas à um diálogo mais construtivo – incluindo elementos interativos como votação e coleta de ideias em tempo real. Isso significa que você será capaz de construir relacionamentos e confiança com os membros de sua comunidade virtualmente.

Embora esses workshops não devam substituir todas as discussões presenciais, eles tornam possível fazer consultas mais frequentes, abertas para aqueles que tradicionalmente podem ser excluídos de encontros presenciais, como pais e mães que trabalham, ou pessoas que vivem em regiões distantes dos centros das cidades. Isso também significa que você será capaz de alcançar mais pessoas e tomar melhores decisões com base em dados.

O que aprendemos até agora

Mais de 500 workshops depois, aprendemos muito sobre como organizar ótimas – e nada boas – reuniões online.

Eis algumas dicas

  • 87% dos workshops visam alcançar recomendações para soluções sobre determinado tema. Os outros 13% se concentram em identificar melhor as necessidades daquela comunidade.
  • 70% das oficinas fazem parte de um processo de participação mais amplo, o que significa que houve, e haverá, outras fases de participação e oportunidades de se envolver no mesmo tema.
  • 36% das oficinas discutiram sobre mobilidade. Uma vez que o CitizenLab colabora principalmente com os governos locais, não é surpresa que este seja o campo de interesse mais popular para os residentes. O planejamento urbano e o clima compartilham os holofotes como o segundo tópico mais popular.
  • Workshops para compartilhamento de informações e usando o modelo diamante (veja o desenho abaixo) representam 80% de nossos workshops. Pesquisas e sessões de aprendizagem interativas também foram foco para uso da ferramenta.

E o que isso significa para você?

Curioso para saber como os workshops podem apoiar suas próprias iniciativas de engajamento com seu público? Aqui estão os quatro principais tipos de workshops que foram implementados em nossa plataforma e o que conseguiram alcançar.

1. Brainstorming e identificação de soluções

Modelo Diamante

Um workshop online é o formato ideal para reunir pessoas diferentes ao redor da mesa e deliberar sobre um conjunto de tópicos. O modelo Diamante para workshop (imagem acima) orienta a discussão para uma conclusão compartilhada. Isso geralmente acontece em 3 etapas:

  • Primeiro, participantes apresentam suas ideias ou escolhas para uma solução.
  • Depois, todos os participantes evoluem sobre as soluções propostas votando.
  • Por fim, debatem sobre as soluções priorizadas e chegam a conclusão sobre os próximos passos.

Exemplo: A Cidade de Hillerod (Dinamarca) envolveu seus residentes em um projeto de reconstrução. Primeiro, eles apresentaram os planos e convidaram os residentes a dar sugestões. Então, eles responderam ao que os residentes estavam propondo. Na imagem (barra) abaixo é possível ver como o workshop foi estruturado – dividido em 7 fases para que todos entendessem claramente o que esperar e quando. Essa transparência diminui o risco de um participante invadir a reunião apenas com sua opinião e ajuda a manter o fluxo do processo.

timeline showing different steps in an online workshop with the CitizenLab platform

2. Compartilhamento de Informações

O primeiro passo na escada da participação, e um pré-requisito para a participação qualitativa, é um bom compartilhamento de informações. Todos precisam entender do que se trata o processo participativo antes de se envolverem. Isso é especialmente importante para grupos de residentes que muitas vezes são deixados de fora dos processos, incluindo jovens.

Exemplo: O INJUV, Instituto nacional da Juventude do Chile, tem feito a gestão o Programa Creamos há alguns anos. O objetivo do Creamos é motivar jovens entre 15 e 29 anos a criar mudanças de pequena ou média escala, propondo ideias inovadoras para problemas que afetam suas comunidades. Eles usaram nossa ferramenta de workshops online para informar outros jovens participantes do programa sobre como preencher um formulário e dimensionar sua solução. Graças ao recurso de subdivisão de salas durante os encontros, eles conseguiram envolver mais de 300 participantes ao mesmo tempo em cada processo.

3. Aperfeiçoando ideias usando pesquisas

Freqüentemente, o método Diamante é distribuído por algumas sessões e fases de participação. No entanto, às vezes você precisa ter uma ideia rápida sobre o que sua comunidade está pensando, ou tomar uma decisão, ou deseja tornar seu workshop mais interativo – o uso de enquetes é útil nesses casos. Embora as pesquisas possam ser usadas para uma tomada de decisão eficiente, é importante lembrar que elas são mais bem implementadas como parte de um processo de participação mais amplo, de modo a permitir mais interação em outros níveis.

Exemplo: A Cidade de Zottegem (Bélgica) vem consultando seus residentes sobre um novo plano de mobilidade. Eles organizaram alguns workshops para identificar gargalos e oportunidades. Nossa estrutura de workshop permitiu que eles dividissem seu plano de mobilidade em sub-tópicos, como ciclismo, infraestrutura, áreas de lazer etc. com pesquisas. Usando a enquete nesta fase, eles foram capazes de coletar dados úteis para desenvolver ainda mais pontos em seu plano.

4. Aprendizagem interativa

A ferramenta do workshop também pode ser usada para ensinar novas habilidades ou explicar melhor um conceito complicado para vários perfis de públicos. Este estilo interativo, com várias oportunidades de envolver seu público, ajuda a encontrar pessoas onde elas estão em termos de estilo de aprendizagem – se preferem ouvir, participar de discussões ou fornecer contribuições por escrito, por exemplo.

Exemplo: A Cidade de Dongen (Holanda) organizou um workshop chamado “Dia dos Dados” para aumentar a consciência e o conhecimento da população sobre a situação financeira da cidade. Eles até incluíram pequenos questionários para manter todos envolvidos.

Um nível além de Engajamento Comunitário 

Sabemos que não existe um modelo único de engajamento que sirva para todas as situações. Na verdade, os projetos de envolvimento da comunidade mais robustos oferecem várias oportunidades e estilos de participação. Os workshops virtuais ajudam a atender a essa necessidade, permitindo conversas robustas e interativas ao vivo sobre os tópicos que mais importam para sua cidade e seus residentes. O futuro da participação deixou de ser apenas pela possibilidade de deliberar em reuniões presenciais e ferramentas como nossos workshops permitem que você encontre as pessoas onde eles estão.